Sunday, December 30, 2007
New Year's Resolutions
Mas to feliz, novos projetos e desafios!!
Falando nisso, hj eh dia 30, o meu ultimo working day do ano. To com folego, ansiosa para o que vai vir. Sei que trocamos o calendario velho pelo novo, e no fundo, a mudanca nao passa muito disso...mas a expectativa por dias ainda melhores eh enorme. Anos sao ciclos, oportunidades que estao por vir, novos trabalhos, amores, amigos...enfim, novos ares.
Na verdade tudo isso pode acontecer a qualquer instante de nossas vidas, mas por convencao, a partir do dia 1.o de Janeiro eh que viramos a pagina. Engracado isso!
Queria eu estar agora escolhendo um vestido branco, me preparando para pular as 7 ondas e jogar rosas pra Iemanja. Aqui qdo falo que penso em comprar roupas brancas para o reveillon acham graca. Eh, sao os tais dos choques culturais.
Este ano voou. E com ele ganhei e perdi muitas coisas.
Perdi 2 pessoas muito importantes. Rodrigo foi um anjo que passou em minha vida com velocidade da luz. Ja escrevi muito aqui sobre ele...
E meu querido tio Omar...Ele eh simplesmente o sinonimo da minha infancia...Ainda nao conseguiria falar disso aqui com naturalidade.
Ganhei novas oportunidades, novos amigos, trabalho com algo que adoro, e conheci alguem que amo muito...
Para este novo ano espero nao ver nenhuma crianca com fome e sem escola, nenhum politico corrupto, um mundo sem guerras e cheio de esperanca.
=)
Nao, minha cor favorita nao eh cor de rosa!
Feliz Ano Novo! Um 2008 cheio de esperanca!
Thursday, October 18, 2007
Ciclos...
(Carlos Drummond de Andrade)
Falta
Vazio
Consumo/ Capitalismo
Insatisfacao
... tudo move o tal do ciclo desejante.
O cara que tem tudo se mata pq simplesmte nao ha mais o que conquistar na vida.
Algo sobre o budismo:
O ser humano está preso a essa dicotomia de ter que sofrer desejando, para poder valorizar a felicidade, obtendo-a com a realização dos pequenos desejos. Mas estamos presos neste ciclo de desejo-realização-outro desejo-realização, e assim por diante. O elo que dá continuidade aos sofrimentos seguidos que passam desapercebidos, ou até são considerados como “naturais”, é a energia do apego. O ser humano diz que uma vida como esta é a única que ele poderia pensar em ter, e quando ele já não agüenta mais seus sofrimentos e cargas criados por ele mesmo, ele procura a ajuda mística, fora de si!!! Ao invés de procurar a causa de seus males, ele prefere mantê-las, recorrendo somente a alívios momentâneos como a procura de milagres, magias e outras coisas afins. Ele pode até receber a sua “graça” , mas depois disto está de novo dentro de um novo ciclo de desejos e dores, como um cego, e a isto é que o Budismo chama de ignorância.
Somos todos uns ignorantes!!
Wednesday, October 17, 2007
Metade - inteira
Vida metade cheia, metade vazia.
Pessoas parcialmente inteligentes. Pessoas geralmente sensatas.
Gente completamente arrogante.
Pobres famintos em todo canto. Mas nem pouco, nem metade. Muito famintos.
Amor inteiro. Yes qualidades. Yes defeitos.
Copo metade cheio. Ou vazio?
Pq nao todo cheio? Ou todo vazio? Ou 8 ou 80? Seria melhor 50/ 50?
Cara-metade?
Tampa da panela? Ou metade da laranja?
Meio cerebro e/ ou meio coracao?
Alguem sobrevive assim?
Ideias sem sentido...eh, eu sei.
Muito dai de cima eh meu. Muito eh do que vejo por ai.
A ideia de felicidade "no matter what" eh sempre falsa. Buscar sonhos sim, mas nunca as custas dos outros.
Nossa, esse papo me lembrou as aulas de Psicologia sobre o Ciclo do Desejo...a satisfacao que nunca chega!
Monday, October 1, 2007
Spaguetti em Dubai!
Quinta fomos a um churrasco cheio de libaneses que falavam mais francês do que árabe. Estava quente, por isso todo mundo resolveu ficar na sala mesmo. Ah, o churrasco foi de noite!
Sexta fomos ao aniversário do Driss, amigo francês-marroquino que o Sheik Lu apresentou à galera! De lá, depois de umas caipirinhas e mojitos, fomos à despedida de uma colombiana no Budha Bar - que voltará a trabalhar em Londres. Lá bebemos tequila, conhecemos espanhóis, franceses, libaneses...
Depois ainda, lá pela meia-noite, fui a uma festa de aniversário de uma amiga aqui do trabalho. A minha presença estava confirmada para as 9 da noite, mas olha só no que deu...
Well, as chinesas que trabalham comigo quando lembraram que brasileira e samba vem do mesmo país me pediram para que um dia eu dançasse para elas! Então combinei que dançaria nesta festa, mas com elas!
Muito bom gente! Elas mandaram bem, não só elas, mas todo mundo que tentou também!
Quando eu digo da mistura, "is for real"!!
Tuesday, September 25, 2007
Me expressei mal
Quando eu desejei que os políticos parassem de roubar um pouco, errei.
Foi um comentário muito tranquilinho da minha parte.
Desculpem-me!
Chega de roubar seus cretinos!
Eee, pensando bem, cansei do eufemismo! Nada de suavizar expressão nenhuma!
Foi mal Lu!
Thursday, September 20, 2007
Ai se meu desejo fosse uma ordem!
A lua determina seu início e fim.
Dizem que é o tempo de parar e refletir, de pensar no próximo, colocar-se no lugar do outro. O jejum vai do nascer ao pôr-do-sol, e busca "reproduzir" a sensação de fome de um pobre.
A Nakheel, construtora de Dubai, está com um site muito legal. Ao invés de mandar cartões para seus clientes felicitando-os pelo Ramadan, doa AED 10 a uma instituição de caridade por pedido que o internauta fizer em seu site.
Pedido?
Sim!
Se você pudesse pedir alguma coisa, qualquer coisa, o que vc pediria?
Minha lista:
- Gostaria de não ver nenhuma criança do mundo passando fome;
- Que os políticos brasileiros criassem juízo e parassem de roubar um pouco;
- Que as pessoas se conscientizassem do aquecimento global;
- Que as geleiras parassem de derreter...
- Que a Guerra do Iraque terminasse neste exato segundo...
...Faça seus pedidos!
Acesse o site: http://www.ramadan.nakheel.com/
e lembre-se, sem besteirol, pq antes de ser publicado o seu pedido será analisado! =P
Tuesday, September 18, 2007
Trabalho sob medida
Desejem-me boa sorte!
Monday, September 17, 2007
Ai o amor...
O fato é que comecei a me questionar sobre amor e felicidade.
Quem ama sente ciúmes?
Tem gente que defende esse sentimento que toma conta de nossas vidas, praga que nos cega. Muitos falam que não se trata de ciúmes e sim de cuidar do que eh seu. Mas seu?
Se já dizem que os filhos não são dos pais e sim do mundo, pq o namorado haveria de ser sua propriedade?
Há tambem quem diga que isto não adianta de nada, e que quem sofre é quem sente ciúmes, pq se o outro estiver mal intencionado fará de qq jeito, vc com medo ou não.
Concordo plenamente, mas como controlar?
Falar é fácil...o pior é quando vc não tem motivos reais, quando vc cria, fantasia a maioria dos fatos, quando todo mundo fala que vc vai perder o que tanto quer segurar se continuar a agir assim...
A mente humana é poderosa...seria traiçoeira? Parece querer nos pregar peças..e a tal da intuição? Acreditar nela ou não?
Ao invés de ficar perdendo tempo querendo descobrir respostas que ninguém tem no momento, o ideal seria fazer Yoga, sair com os amigos, trabalhar...lembrar que antes de conhecer a tal da pessoa, vc já existia e era um ser totalmente independente!
Se alguém tiver alguma resposta para tantas destas perguntas, por favor, colabore com o bem do mundo...=)
Agradecimento especial ao Luis que me ensinou finalmente a configurar a acentuação do meu computador.
Wednesday, September 12, 2007
Saudade
Hoje voce faria 28 anos. Seria um dia alegre, de muitas comemoracoes. Dia de cortar bolinho e fazer planos para os proximos varios anos de vida.
Infelizmente nao ha festa hoje. Em mim ha um sentimento de vazio, tristeza e incerteza. O que tera acontecido? Nos meus muitos questionamentos, me pergunto por onde andas. Espero do fundo da minha alma que em um lugar muito melhor do que este, ja que para mim voce era muito mais evoluido que a maioria.
Faz 7 meses. Eh tudo tao recente, foi tudo tao rapido. A sensacao que tenho eh que conheci vc em um dia, me apaixonei no outro, e no seguinte vc foi embora. Os ensinamentos foram muitos e ate em sonho vc me traz conhecimento. Vc, mesmo com seu ritmo acelerado, trazia calma e paz para quem estava a sua volta. Eu sempre ansiosa tento desesperadamente resgatar o que vc me dizia sobre a tal da paciencia. Que falta vc me faz!
As coisas tem dado certo Ro. E eu queria tanto poder contar a voce, mas para ser sincera sinto muita dificuldade para parar e falar. Acho que foi por isso que resolvi escrever, pq soh assim consigo organizar minhas ideias. Vc estara em mim pra sempre. O jeito manso de falar, a docura ao me olhar, eu espero nunca me esquecer de tais presentes. Doi muito o vazio que sinto, mas prefiro mil vezes esta dor, do que nunca ter topado com vc por ai.
Serei eternamente grata. O bolinho fica pra depois. Vc mesmo vivia me perguntando o que era o tempo. Nao sei ao certo, soh posso te dizer que algo completamente relativo. Vc viveu 27 anos de muitas alegrias tenho certeza, enquanto muita gente viveu 100 anos de solidao.
Toda a paz que vc me trazia, eu lhe desejo em dobro!
Amo vc. Muito. E tem dias que a saudade eh sufocante, hj eh um deles.
Aaatchim!
Hey! That's me! Peguei uma gripe dos infernos, e nada como ficar assim com um calor de 50 graus. Liga ar condicionado, desliga ar condicionado, e o resultado eh este da foto. A diferenca eh que meu nariz esta vermelho e nao verde.O antibiotico ta demorando pra fazer efeito, acho que vou ter que apelar pra reza brava! Devo ter ficado assim depois de ter assado no sol de Fujairah e voltado no carro gelado de cabelo molhado.
Eh, eu disse que esta terra eh cheia dos contrastes. Calor e frio eh um deles!
Sunday, September 9, 2007
Orrrrrra meu, sou paulistana!
Dubaiana na balada brasileira
Monday, August 20, 2007
To all my friends
Ai ai...to de volta as Arabias! Tava com saudade daqui, dos amigos, do namorado, da independencia...Mas todo dia qdo acordo de manha, percebo que meu telefone nao vai tocar pq a Camila, o Igor ou a Islam estao me ligando. Vou postar algumas fotos aqui da viagem, eh muito estranho estar de volta. Eh bom estar aqui, pq percebi que em Dubai tenho coisas que achava que soh teria no Brasil. O ser humano se adapta a qualquer canto e situacao, isso foi me provado agora mais do que nunca. Quando cheguei aqui pela primeira vez achei que nao sobreviveria. Chorava todos os dias, nao tinha trabalho, nao dirigia, nem tinha amigos. Hj posso dizer que conheci pessoas maravilhosas por aqui tb, e que por causa delas, minha adaptacao tem sido mais facil. Digo que eh estranho pq nao posso dizer que esta eh minha casa, ja que eh sabido que ninguem vem pra Dubai pra passar o resto da vida. Cheers aos meus amigos, aos daqui, os de la.... Ah, e obrigado aos que se esforcaram um pouco pra me ver enqto eu estava ai.... I really appreciate! Beijos aos da foto, eu e meus amigos de infancia em Campos do Jordao. |
Tuesday, July 17, 2007
Um final de semana em Jordan´s Field
Deu pra perceber que somos amigos de longa data, né?
Fomos para Jordan´s Field ou melhor, Campos do Jordão, a Suíça brasileira...(=p) Não estava tãoo frio, só na hora de dormir que usei 6 cobertores. Sair de um calor de 40 graus e ir para um lugar de 5 graus é meio doidice, eu não sou mto chegada em frio não...No calor as pessoas são mais felizes, veja o índice de suicídios nos países nórdicos.
Matei saudade de fondue, fomos ao Pico do Itapeva e também ao Horto Florestal, filmei meus amigos dançando a coreografia do Siri (Pânico na TV), fizemos compras no Sugar´s loaf, tiramos mtas fotos, bebemos vinho e demos muita risada, ahhh, além de termos ido a uma balada cheinha de flash backs que foi muuuitissimo boa.
Coloco as fotos assim que recuperar o cabo da câmera que esqueci lá do outro lado do mundo...
Amei o finde. Vcs são diversão garantida. E sim, quero vcs na minha vida até estarmos de bengalinhas, pra podermos contar dos tempos que achávamos que éramos meio "malucos" aos 25 anos de idade.
Thursday, June 28, 2007
Assombracoes de carne e osso
Resolvemos que seria melhor nao parar o carro, parecia uma emboscada daqueles filmes de terror. Um sentimento terrivel tomou conta de nos. Nao parar o carro para uma moca que pedia socorro as 2 da manha em uma estrada deserta??
Que crapulas nos somos!! Resolvi ligar para a policia para pedir ajuda.
O policial insistia em saber onde eu estava, eu disse que a caminho de casa. E entao ele disse: - Moca, eu te peco, nao pare esse carro, aqui neste pais eh sabido: se uma mulher na estrada estiver gritando dizendo que foi roubada, estuprada, sequestrada, vc NAO pode parar, pq assim que vc fizer isso, 3 ou 4 caras vao se aproximar do seu carro e vao te levar sabe la pra onde. Vc ta entendendo oq te disse? Nao para o carro, segue pra casa, e vai dormir.
Ai eu o perguntei : E se for verdade moco??
E ele me respondeu: Nao da pra saber...esse eh um golpe mto usado ultimamente, vai pra casa descansar. E entao eu perguntei: E o que o senhor vai fazer a respeito?
E ele nao entendeu. Eu insisti, e pedi para que ele mandasse uma viatura para ver se encontrava a menina. Ele disse que faria isso.
A policia nao acredita na populacao, e a populacao nao acredita na policia. Eu fiquei passada, nao conseguia engolir o fato de um policial falar pra mim: nao pare o carro, eh armadilha. Pra falar a verdade eu espero que ele tenha mandado uma viatura para o local.
Agora penso: se um dia, eu, minhas irmas, minha mae ou minhas amigas, qualquer mulher...precisarmos de ajuda( de verdade), as 2 da manha em uma estrada deserta, estamos realmente ferradas...nao eh triste??
Eh horrivel, pavoroso, ridiculo...uma vergonha!!!
Friday, June 22, 2007
It feels like home
Estou no pais do verde e amarelo, do calor no inverno e frio no verao, no pais da gente boa e alegre, dos politicos corruptos, e infelizmente das desigualdades e injusticas sociais.
No caminho do aeroporto pra casa, ja no primeiro semaforo vi criancas vendendo balinhas...aquilo me chocou tanto, eh como se eu estivesse vivendo e vendo aquilo tudo pela primeira vez. A rotina nos deixa cegos, acomodados, eu via aquilo todo dia no caminho pra facul, me sentia mal, mas chega uma hora que aquilo deixa de ser um absurdo, coisa que nunca deveria deixar de ser...
Mendigos na calcada numa noite fria, qual sera a historia de suas vidas?
Pela inseguranca que sentimos, e vendo a maioria reclamar dizendo que gostaria de ter a chance de viver fora por uns tempos, dou valor pro que tenho pra aquelas bandas...
Mas o que tenho la*? Soh existe um lugar que posso falar que eh meu...e este lugar eh aqui...NADA COMO SE SENTIR EM CASA.
A vida ta corrida, falta muita gente pra ver, mas assistir a tv e entender a 100% do conteudo, abrir a janela de manha e sentir o ventinho frio, ligar pros amigos de infancia a qq hora...ai ai, ja penso na saudade que vou sentir...
Eeee Shadya, nunca satisfeita com nada...Quero tudo ao mesmo tempo!!
Sr. Genio, o meu 3.o desejo eh ter mais 3 desejos!
PS.: Saudade dos meus queridos amigos de la! Dubaiana ta de canarinho agora, mas nao esquece suas mais novas raizes!
=p
*Tenho meus amigos e ...=) quem sabe, sabe...
Wednesday, May 30, 2007
Tempo de debandada!
Eh epoca de debandada. Quando eh inverno nos paises do hemisferio norte, os passaros sabiamente iniciam sua jornada ao sul para que possam sobreviver ao frio.
Populacao dos Emirados = Passaros!
Vivemos todos no mesmo hemisferio e eh preciso voar para o sul!! A diferenca eh que a estacao eh verao e eh necessario fugir do calor!!
As ruas ficarao vazias, os shoppings terao menor movimento, as baladas com espaco outdoor fecharao, e assim sera por 2 ou 3 meses.
Vc deve estar se perguntando sobre a imagem escolhida. Esses sao os remanescentes de Dubai depois de terem comido chocolate derretido pelo sol. Tao pele e osso, isso que eh uma desidratacao power, hein? O terceiro, coitado, nunca ouviu falar de protetor solar.
Eh meu povo, nao eh brinquedo nao...50 graus ou mais??? Sabem que aqui nao tem aqueles termometros na rua, mostrando a temperatura? Isso seria de assustar qualquer um, right?
Mas nos carros tem. No ano passado foi registrado 52 graus. E falaram que pelo aquecimento global, este ano teriamos 4 graus a mais. 56 GRAUS!!!! Ai vem um e fala: ah, vai pra praia, Dubai tem praias tao lindas...Hohohoho
Eh vero, Dubai tem praias bem legais, mas a agua do mar eh mais quente que o ar!! Vc sai do quente e entra no quente, entende?? E atencao ambientalistas: as praias estao lotadas de Aguas-Vivas.
"...Follow me, and lets go
Monday, May 28, 2007
Sobre o tempo
Pato Fu
Composição: Indisponível
"Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã
Tempo, tempo, tempo mano velho
Tempo, tempo, tempo mano velho
Vai, vai, vai, vai, vai, vai
Tempo amigo seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final
Ah-ah-ah ah-ahAh-ah-ah ah-ah
Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã
Tempo, tempo, tempo mano velho
Tempo, tempo, tempo mano velho
Vai, vai, vai, vai, vai, vai
Tempo amigo seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final... oh-oh... oh-oh ah...
Uh... uh... ah auUh... uh... ah au
Vai, vai, vai, vai, vai, vai"
Eh tudo uma questao de contar segundos, munutos e horas...estamos sempre na contagem regressiva...
Que estejamos sempre olhando para os ponteiros esperando coisas boas. Prazos sao necessarios. Senao nada anda... mas viver em funcao de dead line eh viver por inercia. Amo essa musica. Lembra minha adolescencia, quase infancia.
10,9,8,7,6,5,4,3,2,1...Eh hoje!!
Thursday, May 24, 2007
O que vc quer ser qdo crescer?
Mas vindo de uma menina que sempre foi baixinha ate que faz sentido, vai?!
Desde que era bebezinha meu pai me ensinou que eu deveria estudar muito, pra um dia ser alguem na vida. Namorado? Nananinanao! Soh depois que terminar a faculdade. "Nao quero nada que desvie sua atencao dos estudos!" - Frase tipica dele.
E entao, ja com meus 3, 4 anos de idade eu me cobrava bastante, querendo saber o que seria de minha vida um dia.
Eu adorava ser a manicure das minhas amigas!! Falava que esta seria a minha profissao. Ou entao dona do quiosque que vende espetinho de camarao frito na praia. E astronauta? Nooossa, sempre amei as estrelas, tenho uma curiosidade por elas que vem desde os tempos da mamadeira. Tb ja quis ser bombeira, policial, acho que sempre fui um pouco autoritaria...=/
Uma coisa que nunca quis ser foi medica! Tenho horror a sangue, lidar com vidas eh maravilhoso, claro, mas como posso pensar em ser medica se qdo vejo uma gotinha de sangue no dedo da Nadya me falta o ar, a pressao cai e me vem a sensacao de "ai acho que vou desmaiar"?!!
Tb nunca quis ser politica. Eu nao sei fazer social. Ou eu amo ou eu odeio. Ou isto ou aquilo. A Nadya qdo era pequena gravava no "Meu primeiro Gradiente" discursos politicos. Da pra crer? Meus pais, tios, avos, todos sentavam pra ver a Nadya com o microfone aos 7 anos de idade discursar sobre a pobreza brasileira. Eu nao. Gostava de ir pra rua pra soltar pipa, jogar futebol e brincar com bolinhas de gude. Adorava dar porrada nos meninos tb!!! Sempre fui uma baixinha invocada, nada inibia meu senso de justica!! Mexeu com minha irma? Meu primo?
"Vem aqui moleque!! Ta com medo de menina, eh?"
Fui crescendo, o tempo livre pra brincar na rua foi sendo preenchido pelas aulas de ingles. Ai que tedio. Quantas vezes inventei que tava com febre soh pra faltar??? Esse negocio de virar gente grande enche o saco. Qdo completei 15 anos a aulinha de quimica era o meu pesadelo. Eu nao entendia pra que precisaria daquilo um dia. E entao, meu pai, usando de uma psicologia meio sordida me falava: nao aceito recuperacoes, se repetir de ano vai pra uma escola publica!!! Que terror, eu era muito estressada, estudava, me matava, achava em vao que aquela era a pior da minha fase de estudante. Soh me dei conta disso qdo estava na faculdade, e a DP custaria 1500 reais. Estudar a tabela periodica??? Que nada meu bem, agora era Teoria da Comunicacao.
Escolhi ser publicitaria. Depois de passar pela fase do "quero ser manicure, astronauta e cabelereira" pensei em ser advogada (nao consigo mentir pra livrar a cara de gente corrupta), administradora de empresas (acho que nao me daria bem com contabilidade), bacherel em turismo (minha mae tirou a ideia da minha cabeca dizendo que eu teria que planejar as ferias dos outros e nao as minhas) e outras tantas coisas que nao me recordo no momento.
Acho que fiz bem. O desejo de me formar, de ser alguem com diploma eu realizei. Eu e meu pai. Agora me falta ser alguem diante do mundo, daquelas pessoas que fazem o que gostam e conseguem mudar a vida dos outros por causa de suas atitudes.
O que eu quero ser quando crescer??
GRANDE TIA, MUITO GRANDE!
Wednesday, May 23, 2007
Barbies & Kens
Eu sei que aquele cara honesto, verdadeiro, transparente, sem muitos misterios um dia vai acabar te irritando.
Sei tb que o seu vizinho politicamente correto, que da preferencia a produtos de empresas socialmente responsaveis, que sorri na rua pra estranhos e soh fala verdades pra namorada eh considerado um saco.
E o tal do "pretendente" que te manda flores, liga algumas vezes pra saber como anda seu dia e ja diz logo de inicio que quer te apresentar pros pais dele? Ele te afugenta??
O que eh que nos mulheres estamos querendo??? Na verdade, isso serve para os homens tb, entao aproveito para reformular a minha pergunta: o que nos, humanos, estamos querendo???
Alguem que soh pensa em dietas? O cara que vira o pescoco pra olhar pra bunda da primeira sirigaita que passa? A interesseira que soh vai aceitar seu convite pra sair se souber que vc tem o ultimo modelo do carro que saiu na capa da revista? O cara que soh sabe falar de carros e dinheiro? Aquele que esta pouco se ferrando pra miseria na Africa ou pra carnificina que acontece no Iraque?? Aquele que entra no elevador e se tranforma em Narciso?? Aquela garota que soh le revistas de beleza e tem como objetivo de vida ser a Barbie??
Pois eu prefiro pessoas de verdade. Aquele cara que me olha nos olhos. Aquele que trata o garcom e o manobrista com a maior educacao. O cara que fala de carros sim. Mas o cara que saiba falar tb dos efeitos da poluicao e do tratado de Kyoto. Aquele que nao me acha uma desvairada quando eu disser que quero ir pra Africa nao somente pra fazer um Safari, mas pra ser voluntaria e ajudar aquelas criancas com fome. Meu objetivo de vida nao eh ser a Barbie. Eh ser uma mulher de carne e osso. Daquelas que tem consciencia de suas fraquezas e tem a intencao de tranforma-las em forca. A perfeicao nao existe minha gente. O peito dela, mesmo siliconado, vai cair um dia. A situacao economica do pais dele pode mudar, e talvez ele precise vender a "maquina" para ter o que comer...
Qdo eu me machuco, sangra, e vc? Barbies e Kens sao de plastico. Vc tb eh?
Monday, May 21, 2007
Praticamente um "brainstorm"
Adoro andar descalca. Ia pra faculdade de havaianas quase que todos os dias. Reclamo do transito como se fosse uma velha rabugenta. Tenho uma camelinha cor-de-rosa chamada Lisa. Odeio injusticas. Sou pavio-curto. Questiono Deus. Odeio acordar cedo. Falo palavroes. Atualmente ando me esforcando pra aprender arabe, frances e espanhol. Quero morar na praia quando ficar velhinha. Tenho ataque de riso toda vez que fico nervosa. Me desconcentro facil. Adoro todo tipo de musica, menos sertaneja. Sou viciada em filmes. Torco pelo final feliz toda vez. Eu sinto saudade.
Tuesday, May 15, 2007
Conflitos desde a mamadeira
Ele sapeca. Ela meiga. Os dois sao namoradinhos. Outro dia a mae dele foi busca-lo na escola e viu a menina desolada. Ela perguntou entao ao filho: "o que ela tem?"
"Ah mae, ela queria que eu ficasse perto dela e eu quis jogar futebol com meus amigos e entao ela ficou desse jeito!!"
HAHAHAHHAHAHAHAHHAA
Moral da historia:
1)Os homens nao dao atencao as necessidades femininas (que nao sao poucas) desde pequenos!!
2) As mulheres sao meio neuroticas desde pequenas!!
Ah, o gala eh meu irmaozinho Nader!!
Wednesday, May 9, 2007
Transito caotico enlouquece Dubaiana
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Imaginem uma menina aos berros, segurando os cabelos com as duas maos, vermelha, bufando, xingando, chorando, e prevendo um ataque cardiaco para os proximos minutos...esta era eu hj de manha.
Esta eh a Sheikh Zayed Road, a principal avenida de Dubai. Estava caotica, mas o problema maior nunca eh nela e sim naquela *$&% de Sharjah!!
Pq diabos ainda moro la??? Tenho que estar no escritorio as 9 da manha, saio de casa antes das 7 e ainda chego atrasada!!!
Hj nao aguentei, as 8 da manha mandei um sms pro chefe dizendo " I'm sorry, but I think I won't be able to reach the office even at 11!"
Passava 20 minutos com o carro sem mover um cm. E esses malditos fominhas que nao sabem respeitar fila, te fecham na maior cara dura, fazem filas triplas, cortam pela areia da praia, soh pensam na droga de seus narizes (enormes por sinal). Hj eu parecia o pateta naquele desenho da Auto - escola. Estava agressiva, colava no carro da frente, encarava o folgado, xingava em portugues...e sabem de uma coisa? Aquela frase de Rousseau que diz " o homem nasce bom e a sociedade o corrompe" eh muito verdadeira. Tinha muita gente tentando ficar na fila seguindo a lei, mas depois de ver trocentos carros cortando pela praia para 1 km adiante entrar na sua frente, o bonzinho passa a se sentir um tremendo de um idiota e resolve fazer o mesmo. Eu vou tirar uma foto amanha deste caos.
Eu me senti uma palhaca, soh me faltou o nariz vermelho. Na verdade nem faltou, pq ao chorar, nao soh o nariz ficou vermelho, como meu rosto todo.
Pior do que o transito, eh o sentimento de que isso nao vai mudar, e a sensacao de estar no meio da selva, onde quem tem o carro mais alto passa por cima do seu, onde quem usa lenco e reza acha que essa terra eh muito mais dela do que sua (algumas pessoas).
No caos, vence o mais forte, o mais rico, o mais esperto. Mas todos nos perdemos , pq siceramente, uma sociedade sem a minima educacao nao pode e nem deve chegar muito longe.
E perco mais, chegar atrasada todo dia pode me render o desemprego!
Que horas cheguei? As 9:30. Foi um milagre divino. Qdo me viu, meu chefe riu. Percebeu meus olhos marejados, nao disse mais nada.
Tuesday, May 8, 2007
Oooo delicia...Sou uma pessoa de sorte.
- Receber ligacao internacional dos amigos de infancia em pleno aniversario;
- Receber ligacao dos novos amigos em pleno aniversario =p ;
- Ouvir aquela voz gostosa, de locutor de radio, que soh o meu tio Riad tem ao me dar parabens;
- Ser a pessoa escolhida pra ouvir e dar conselhos a um amigo que precisa;
- Ganhar chocolates da irmazinha com um bilhetinho desejando "iluminacao" e nao luz;
- Ouvir " I love you";
- Dancar, gritar, cantar com aquela amiga que eh a sua cara, mas 5 anos mais nova;
- Incentivar uma das pessoas que vc mais ama na vida a crescer, a ser independente, mostra-la o quao forte ela eh, e ver que os resultados estao aparecendo;
- Falar aos meus pais o quanto os amo e brincar com eles, rir, ser amiga acima de tudo;
- Ler recados carinhosos no orkut;
- Sentir que gostam de cuidar de vc;
- Fazer planos de viagens, listas com metas a serem cumpridas;
- Sentir saudade antes mesmo de falar tchau;
Se vc tava esperando que eu terminasse a lista toda e depois falasse...nao tem preco, mas pra todas as outras existe "Mastercard", errou...
=p
Sou publiciatria, odeio cliches!
Falando nisso, tem um comercial passando ja ha um tempao na TV do chocolate Galaxy Senzi.
Eu simplesmente o amo. Posso assistir 50 vezes seguidas. Uma mulher moderna falando do seu dia -a - dia. Me fez correr pro supermercado comprar!
Muitos outros me fazem querer correr de frente da tv, principalmente aqueles comerciais em arabe. Se Dubai, tem mais estrangeiros do que arabes, pq fazer comerciais numa lingua em que a maioria nao vai entender?! Ontem eu estava assistindo a um filme, e no intervalo, um comercial de queijo, se nao me engano (viu como nao eh bom?), mostrava uma familia emirati, na mesa. O pai no final falava : bla bla bla Bresident! E a imagem do queijo aparecia com o nome "President". Ai lembrei do Brimo e primo, Pib e Bip, e da minha avo querida que chama os pernilongos de birilongos, pijama de bijama, e outras mil coisas engracadas, que fazia com que meus primos, irmaos e eu quase nos matassemos de tanto dar risada...
Bauce a tdos (beijos)
Monday, May 7, 2007
Falsos ideais de democracia.
Entro na pagina da UOL diariamente pra saber um pouco do que acontece pelo Brasil e pelo mundo, e na maioria das vezes me deparo com a seguinte informacao: area restrita!!
Mas que coisa mais ridicula. Faca o teste. Clique la em alguma materia interessante - por exemplo,do Herald Tribune - A tortura da sepultura: o islamismo, a morte e o alem - e vc vai ver que este conteudo eh exclusivo. Esta e tantas outras BOAS materias.
Ai vc vai descendo a pagina e ve que as materias que dizem que a Wanessa Camargo vai casar no fim do mes, ou que o pai da Paris Hilton vai deserda-la abrem!!!
Eh a propagacao da DESINFORMACAO, da falta de conteudo, da burrice!!
Eu sei que posso abrir o site original, e ler a materia diretamente vinda da fonte, mas alem de preferir ler em portugues que eh a minha lingua mae, penso na grande parte dos brasileiros que possuem internet mas nao tem um bom nivel de ingles!!
Imaginem entao, aquele coitado que vive no meio do sertao nordestino que nem jornal pode comprar!! A informacao nunca vai circular!! 'As elites um unico interesse: censurar.
Ha quem pense que os anos do "silencio" ficaram para tras!! Claro que a liberdade de expressao existe, senao nao estaria eu escrevendo isto aqui, mas o que quero dizer eh que para muitos eh mais interessante que a maioria esmagadora do nosso pais seja distraida com fofocas e banalidades a se preocupar realmente com o que acontece de tao grave no nosso Brasil e no mundo.
Viva a democracia da informacao. Viva a inclusao social, educacional, digital... e nao, nao pretendo entrar para a politica.
Sunday, May 6, 2007
Um ano para 1/4 de seculo.
Sim meninas, fiz a dancinha tb. Eee saudade daquele 3.o. colegial, das viagens pro Guaruja, das nossas fofoquinhas e bilhetinhos no meio da aula de quimica da Verinha...foi uma saudade "boua".
Na sexta uma "pool-party" de uma libanesa que nasceu no mesmo dia e ano que eu. Parabens Jennifer! A noitinha um jantarzinho com amigos libaneses e marroquinos. Well, no sabado, acordei e fui pra praia com meus irmaozinhos, renovar as energias, fazer planos, tracar metas sentada na areia de frente pra aquele marzao azul-esverdeado. A noite, por ser o dia oficial, o espirito festeiro continuava aceso, e entao fomos a um barzinho portugues, o Da Gama, ficamos deitados nas camas (nao sao cadeiras), comendo muito e fumando shisha...de novo, brasileiros, libaneses, marroquinos e sirios. Foram dias muito agradaveis. Saudade dos que ja foram embora daqui. Saudade dos que nunca estiveram aqui. E gratidao aos que estao e estiveram comigo neste dia feliz, mas cheio de emocoes contraditorias. Se vc ja passou o seu aniversario longe dos amigos e das pessoas que mais conviveram com vc na vida (ainda bem que meus pais e irmaos estao aqui!!), sabes do que estou falando...
Obrigada, chucran, merci, thanks!! Mais muitos anos de vida pra mim, e pra todos vcs!!
E povo, qdo vai ser a proxima balada, hein?? =p
Cheers
Site do resort onde fica o Malecon:
http://www.dxbmarine.com/dbrindex.html
Wednesday, May 2, 2007
Censura maxima no Iran
Ai ontem, abri novamente o jornal e o que leio?? Que agora a policia esta encrencando com os cortes de cabelo e modelos de sobrancelha dos seus cidadaos (leia-se homens e mulheres).
Fiquei passada com a noticia. Do jeito que ando manifestando minha opiniao sobre chibatas, multas por homem e mulher partilharem o mesmo carro, prisao por causa de roupa, daqui a pouco corro eu o risco de ser DEPORTADA!
Tuesday, April 24, 2007
Praca para criancas palestinas
Refiro-me aqui ao caso das criancas palestinas. Mas que fique bem claro que sei da precariedade de vida que muitas outras enfrentam. Sejam arabes, brasileiras, africanas, entre outras.
Se 10 criancas fossem mortas nos EUA o assunto nao sairia da midia por 1 ano, veriamos palavras tristes do presidente George W. Bush, minuto de silencio, homenagens a vitimas, conheceriamos a historia de cada uma delas e sua familia.
Quando 10 criancas palestinas sao mortas a midia nem cobre mais. Sao numeros, nao sao consideradas pessoas que carregam nomes nem familia. Ninguem nem se pergunta mais o motivo de tal atrocidade.
Sao todas criancas nao sao? Qual eh a culpa das criancas do oriente? Carregam a infelicidade de terem nascido em um territorio que nao eh reconhecido como legitimo.
Pois bem, para amenizar um pouco do sofrimento dessas criancas, por que nao devolve-las a infancia?
Por que nao construir um espaco para que estas esquecam em meia-hora diaria de brincadeira que nao sao soldadinhos nem doninhas de casa?
Kais Ismail, filho de palestinos, teve uma ideia brilhante, e resolveu usar o orkut (site ja mencionado aqui) para discutir e difundir a ideia da construcao de uma praca na cidade de Silwad, perto de Ramallah, na Palestina, onde criancas finalmente poderao ser criancas. Chega de dividir a rua com tanques de guerra!
Para mudarmos o futuro de uma nacao devemos investir em educacao e lazer. E esta ai a chance. O terreno foi doado pela prefeitura; e a construcao e manutencao do espaco foram cotados em 150 mil dolares. Precisamos de apoio financeiro e ideologico. Na verdade, a maioria se comove com a causa, mas na hora de se posicionar a coisa muda, afinal, estar do lado palestino pode ser considerado uma afronta por muitos. Vamos nos ajudar, falar disso com o vizinho, o amigo da faculdade, vamos escrever em blogs, mandar emails pra jornalistas e pessoas influentes. Vamos mostrar a estes pequenos que ainda ha esperanca para eles. Que se nos juntarmos, a Praca Brasil para Criancas Palestinas sai do papel e pode mudar o rumo de suas vidas.
Tem orkut? Entre na comunidade:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=27844160
Elas precisam da gente.
Sunday, April 22, 2007
Incesto nos Emirados da em chibatadas!
Moravam com a madrasta e o irmao mais velho. E todas as noites, a mocinha visitava o irmao em seu quarto, sem levantar nenhuma suspeita.
No 6.o mes de gravidez, fugiram e ninguem teve mais noticia do "casal".
O irmao mais velho ficou sabendo por parentes sobre o paradeiro, e resolveu chamar a policia.
A menina estava de 9 meses quando foram presos. Agora, o bebe ja nasceu, tem um mes e meio de vida. Seus pais foram sentenciados a 90 chibatadas, 3 meses na cadeia e deportacao.
Por um momento penso que os arranha-ceus nas principais avenidas daqui sao mera ilusao. De que adianta tanta modernidade na arquitetura se o cerebro de quem faz os projetos nao acompanha?
Incesto eh nojento, eu abomino, eh logico.
Mas nao creio que seja com a violencia que se dara o exemplo.
Eh o primeiro caso que leio e confirmo que ainda existem crimes que sao "corrigidos" com chibatas por aqui. Espero de verdade que seja o ultimo.
Thursday, April 19, 2007
Orkut e sua heranca
Comigo foi assim, somado ao google, as revistas de viagem, ao guia de mochileiros online, e etc.
Os amigos que tenho aqui hj conheci por este mais novo site de buscas. Ou pelo menos um ou dois, e estes me apresentaram a muitos outros.
Mas estava eu aqui matutando. O orkut eh um legado. Se vc nao cancelar sua conta, ela estara para sempre disponivel aos olhos de quem quiser ver. E isso pode trazer muitas lembrancas esquisitas e pensamentos malucos.
Perdi um amigo. Nao era soh meu amigo. Era alguem alem disso, a quem devotei e devotarei eternamente meu amor incondicional. Ele nem era mto fa de orkut, o mantinha para continuar o contato com os amigos e familia que estavam longe. Lembro que me dizia que era muito ironico alguem trabalhar com internet nao saber mexer no orkut. =P
A conta dele esta la. Pra sempre. Aberta pra quem quiser ver. Suas paixoes, sua descricao, suas comunidades, suas fotos, tudo esta la. Eh a heranca que ele nos deixou. O jeito mais simples de traze-lo pra pertinho de nos, quando a correria do dia -a-dia nos fizer esquecer do seu jeito doce e tom suave, do sorriso maroto porem inocente, do rapaz de atitude acanhada porem extremamente falante e desenvolto.
O orkut vai contra as leis do tempo, nos da a condicao de imortais.
Wednesday, April 18, 2007
Dubaiana surta!
Nao vou ficar me promovendo, fazendo auto-propaganda, mas as vezes sorrir demais, agradecer a cada visita do garcom a sua mesa, ser prestativa e educada nao traz bons frutos.
Depois de nao achar um vestido de festa pra um casamento que acontecera em 2 dias (ou tem tamanho mini -mini ou extra-extra grande),aguentar grosseria de chefe, discutir com irma, ouvir asneira do cara do estacionamento, tolerar desaforo do frances, viver num transito infernal, resolvi surtar! Isso mesmo, aliviar as tensoes!!
Po, no caso do vestido ate errei, sei que deixei muito pra ultima hora mas Dubai por ser a capital do consumo deveria ter todos os tamanhos, modelos, cores e afins...
Cansada desta vida "maledeta", saudosa da Shadya que ia a protestos na Paulista e lutava pelo que acreditava, resolvi agir:
"- Do you have 2 minutes?"
Sim, esta foi a minha abordagem. A vitima: meu chefe.
Gosto muito dele. Eh um profissional muito competente, damos risadas juntos. Mas tenho a grande sensacao de que falta alguma coisa pra mim aqui neste lugar.
E fui falar pra ele oras. Disse que estava deixando a empresa. Usei de tom duro, nada de sorrisinhos de Shadya menininha meiga de todos os dias. Eu estava diferente, decidida, apaixonada de verdade pelas minhas ideias. Eu estava confiante. Tenho planos para a minha carreira desde os meus 13 anos de idade. Nao que nao seja flexivel, sei que posso trabalhar em qualquer coisa desde que esteja apaixonada. Acordar de manha xingando Deus e o mundo por mais um dia de trabalho? Nao eh essa vida que eu quero pra mim. Visao romantica e inocente? Talvez, mas a minha existencia eh muito preciosa para ser enterrada num escritorio onde nao sinto que posso ter um futuro promissor e a faculdade foi muito cara.
Ele percebeu. Nao havia como. E disse que nao pode me perder e que conquistei as pessoas daqui. Sabe como? Com o meu jeito de todos os dias. Sem muitas formalidades, mas timida. Sorrindo, cuidando de todos. Agora entrei em crise outra vez. Se nao tivesse dado o chacoalhao nele, ele teria dado valor ao que pode perder ou ja perdeu...?
Quem conquista? A meiga e boazinha ou a fria e decidida?
No fim das contas, VC TODO conquista.
Acho que vou postar o meu cv no blog. Hahahhaha
Isso que eh a auto-promocao. Se fico? Nao sei. Preciso pensar. Pesar. Mas que eu quero mais, isso eu quero...
Wednesday, April 11, 2007
Mil perguntas no inferno
São 10 horas da manhã e faz sol em Praga, capital da República Tcheca. Houssam está num bar do aeroporto Ruzyne, tomando um café e lendo – sem prestar muita atenção – as notícias do jornal local. Um desconhecido se aproxima:– Posso me sentar? – Claro. Fique à vontade.Os dois se cumprimentam com um leve balanço de cabeça.– De onde você é? – pergunta o desconhecido. – Me diga você primeiro. – Diga você. – Eu moro em Milão – revela Houssam, com um quase sorriso. Então o desconhecido lhe diz:– Eu sou israelense e estou aqui...– Eu moro na Itália – corta bruscamente Houssam –, mas sou libanês e nunca conversei, nem nunca dividi a mesa com um israelense. O senhor me dá licença. E foi embora. Exatamente um ano depois, em agosto de 2006, Houssam Nasser, de 30 anos, está de mãos dadas com o filho Ahmad, na zona sul de Beirute, capital do Líbano. “Quero que você veja bem esta cena", ele diz ao filho, “para que nunca mais se esqueça.” O que os dois vêem é um amontoado de cimento e pó e ferro retorcido. Era o apartamento recém-comprado, em 15 de fevereiro, por 120.000 dólares. Aquela área, habitada por mulçumanos xiitas, é alvo das bombas israelenses desde os primeiros dias da guerra. Vários prédios haviam sido destruídos. Dias atrás, foi a vez desse onde moravam os filhos de Houssam e sua ex-mulher. Nenhum deles estava no local, mas três pessoas, três senhoras responsáveis pela limpeza, morreram.– E onde foi parar meu Playstation? – pergunta o filho de Houssam, olhando atônito o que restou do edifício. – Não existe mais. – E a bicicleta também não? Houssam fala que trouxe o filho até aqui porque, quando ele tinha a mesma idade, sua mãe o levou para ver as mesmas cenas de destruição. Era 1982 e Israel invadira o Líbano para combater a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), de Yasser Arafat. “Tanto a tragédia do passado quanto esta de agora”, afirma Houssam, “foi produzida pelas mesmas pessoas e quero que o meu filho saiba quem fez isso.” O filho de Houssam não tem dúvidas, ao menos é o que parece quando lhe pergunto o que sonha fazer no futuro: “Quero estudar bastante, fazer universidade e combater Israel”. Ahmad tem 7 anos de idade. Como sair deste ciclo de violência e vingança, como esquecer os escombros e humanizar o outro, o diferente? São perguntas que me faço enquanto caminho por Haret Hareik, também no sul da capital. O que vejo parece cena de filme. Numa área residencial, o que era um prédio de oito andares está reduzido a milhões de fragmentos de concreto que cobrem a cratera produzida pela bomba e, bem no meio, um carro pega fogo. Em volta, espalhados por aquilo que resta de uma rua, pedaços de um ventilador, uma coleção de xícaras quase intactas dentro de uma caixa, roupas, muitas roupas, uma boneca, peças de um fogão, partes de uma geladeira, um lustre sem lâmpadas e quilômetros de fios elétricos entrelaçados. Tudo isso sobreposto. Vejo também um maço de papéis rabiscados (será uma conta de luz, um boletim escolar, uma carta?), um porta-retrato sem foto, livros sem capas, uma escova de cabelo. Alguns brinquedos. Escombros. Prédios, casas e todo o resto transformados em poeira. E tem o cheiro. É uma mistura de odor de fumaça com carne putrefata. Caminho mais um pouco, viro a esquina e o cenário se repete. Outra rua do mesmo jeito, com o mesmo cheiro. E mais outra. E outra. Um bairro inteiro reduzido a nada. Assim que saí, o local foi atingido outra vez por mísseis israelenses.ClandestinoMinha viagem tem início dias antes, num lugar chamado Baramke Garage. Pelo que havia lido naqueles guias de turismo, imaginei uma rodoviária com sala de espera, lanchonete, banheiro e todo o resto. É de fato o lugar de onde saem os ônibus e os táxis, um grande pátio, dividido em dois. Com um detalhe: estou em Damasco, capital da Síria, onde tudo é muito quente, barulhento, confuso, caótico e sempre, sempre repleto de gente e poeira. A estação parece uma feira ao ar livre, onde se vende de tudo um pouco. Assim que entro, sou rodeado por dezenas de homens, que perguntam repetidamente a mesma coisa, indiferentes à minha resposta: “Vai para Amã? Vai para Beirute? Amã? Beirute? Vai para Amã?” Falam alto e se empurram e discutem e voltam a perguntar e voltam a discutir e eu com cara de clandestino que parou num país errado, na hora errada, e não sabe o que fazer para voltar.É 8 de agosto. Matt Corner, fotógrafo italiano, e eu temos como destino Beirute. As notícias, de grande parte das agências internacionais, dizem a mesma coisa: a capital está bloqueada, ninguém entra, ninguém sai. Mesmo assim – porque teimosia nessas horas é qualidade – fomos até a estação para saber se existiria alguma possibilidade. No meio daquelas mãos e bocas, um motorista disse que nos levaria por 50 dólares, puxou com força a minha mochila e a jogou no bagageiro. Cinqüenta dólares era de fato muito menos do que imaginava. Tínhamos lido que a corrida, com a guerra em curso, poderia custar até 500 dólares e que seria impossível chegar à capital. Saímos de Damasco, às 9 horas da manhã, com um táxi Dodge amarelo, ano 1978.
Beirute. No primeiro dia, aparentemente tudo normal.
No meio do deserto, no meio do nada, vejo o marcador de velocidade do carro: 150, 160, 170 quilômetros por hora. Primeiro, um forte estrondo e tudo acontece muito rápido. O Dodge é jogado com força para a outra pista, volta, fica no meio, perde outra vez o controle, nosso motorista tenta segurar firme, mas o carro parece ter vontade própria. “Se capotar, vamos morrer”, penso. Não capotamos, vamos diminuindo até parar no acostamento. Descobri que não era um pneu furado quando coloquei o pé para fora do carro e pisei numa mancha de óleo. Pelo que entendi, uma peça na parte de baixo do Dodge explodira por causa do calor, caindo no asfalto. O que fazer quando se está no meio do deserto com o carro escangalhado? Esperar. Tivemos sorte porque em seguida passou um conhecido do nosso motorista e nos deu carona.Já na fronteira, os primeiros sinais do conflito: um caminhão do Kuwait, da Red Crescent (Cruz Vermelha dos países árabes), uma frota de caminhões da Turquia com alimentos e remédios e duas pontes pela metade. Tivemos que ir pelo norte, desviando da via principal duas vezes, mas a estrada secundária era trafegável e em seis horas estávamos no nosso destino. Normalmente levam-se duas horas e meia.Enfim, Beirute, a “Paris do Oriente Médio”, das imagens publicitárias com seus bares e hotéis luxuosos, à beira do Mediterrâneo e ar cosmopolita. Beirute do comércio internacional da seda e do encontro entre culturas. Beirute dos xiitas, sunitas, drusos e cristãos maronitas. Beirute da linha verde, avenida no centro da cidade, que separa cada qual no seu devido lugar porque aqui – é bom não provocar muito – tudo parece estar por um fio e a convivência pacífica nem sempre foi possível. Como não foi possível saber, com exatidão, o número de mortos nos quinze anos de guerra civil. Dizem as estatísticas que, entre 1975 e 1989, 150.000 pessoas morreram. Beirute do Hollyday Inn com todas as suas paredes externas marcadas por balas e bombas daqueles anos tristes, e daqueles anos também as lembranças do assassinato de 241 fuzileiros navais norte-americanos, da ocupação israelense, da OLP, de Sabra e Shatila, da Milícia Falangista e de outros 38 grupos armados que agiam na cidade. Mas a Beirute em que estou entrando agora, mesmo sob bombas, está diferente. A Beirute de hoje tem um novo personagem principal, um novo nome, e ele se chama Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, o “Partido de Deus”. Perto da guerraO primeiro dia na capital foi uma surpresa. Pessoas nas ruas, os bares quase cheios, muitos negócios abertos e crianças jogando futebol nos terrenos baldios. Uma vida aparentemente normal. Pelo que lia nos jornais internacionais, parecia que Beirute estava, como o sul do país, paralisada e toda ela sendo bombardeada. Não foi o que testemunhei. A região de Dahye, no sul da capital, estava sendo atacada indiscriminadamente, mas o norte da cidade parecia viver como se nada fosse. Será que os anos de guerra civil tinham deixado essas pessoas indiferentes ao que estava acontecendo? Os dias passam e toda essa aura de descoberta, de fascinação, de aventura vai se perdendo. Aos poucos, vou sentindo e ouvindo a guerra: uma, duas, três explosões. E não é apenas o som dos aviões se aproximando e das bombas. São os vidros do quarto que parecem prontos a espatifar em mil pedaços, é o chão que treme, o sofá, a mesa. Tudo treme. E se os aviões resolverem sobrevoar esta região da cidade? Essa começava a ser a rotina. O que era, sob meu olhar, uma vida normal estava na verdade do avesso. A cada dia em Beirute me via sempre mais próximo do conflito e percebi que, talvez pela primeira vez, toda a minha paixão por testemunhar a história e poder compartilhá-la (mesmo sendo uma história de infâmia) transformou-se em apreensão e desânimo. E se a bolinha do destino – com o meu nome e número – caísse do globo? A verdade é que estava morrendo de medo.
A zona sul da cidade, chamada Dahie, é a mais populosa, e foi a mais bombardeada. Há poucos minutos cairam aqui quatro bombas
Medo e tristeza. São as sensações que provo quando vou ao hospital Rafik Hariri, o maior do país, com 544 leitos, todos ocupados. O hospital, que leva o nome do primeiro-ministro assassinado em fevereiro de 2005, ficou pronto há apenas um ano e meio. Quem quiser ter idéia – pelo menos um pequeno fragmento – do que é a guerra deve visitar um hospital de um país que esteja sob bombardeio. Ali é horror. Muito mais do que ver os escombros de uma casa, as ruas destruídas, os tanques e os aviões. Talvez ainda mais do que ver aqueles sacos plásticos um ao lado do outro, sem nome, sem nada, jogados pela estrada e levados como se fossem lixo. Uma paciente que está nesse hospital é Isra Amaij, de 17 anos. No mesmo dia em que foi destruído o prédio do filho de Houssam, na mesma região, o edifício de sete andares onde Isra estava foi atingido por uma bomba. Eram 6 horas da tarde. Ela estava em casa com os pais. O irmão chegou em seguida e conseguiu transportá-la até o hospital. Os pais morreram na hora. Mesmo com o rosto marcado pelos ferimentos e com o tubo que a faz respirar artificialmente, mesmo assim, vejo que Isra é muito bonita, tem os traços delicados e me parece estranhamente familiar. Os médicos dizem que a maior preocupação é o fígado, que foi perfurado, e o crânio, que sofreu vários traumatismos, mas seu quadro é estável. Cada quarto desse hospital, cada paciente que está aqui têm histórias semelhantes. Outro lugar onde se começa a perceber o que é a guerra é um campo de refugiados. Quase sempre sem nenhuma estrutura, vários campos foram montados para receber as 970.000 pessoas deslocadas pelo conflito. Sete mil delas vieram para a praça de Sanayah, região sunita no oeste de Beirute, a maioria proveniente do sul do país ou do sul da capital. A primeira cena que vejo é de crianças num grande círculo, sentadas, brincando com dois recreadores. O desafio é tentar pegar um molho de chaves sem fazer barulho. Quem levantar as chaves até a cabeça e não fizer ruído, ganha a parada. Silêncio. De repente, um barulho vindo do céu. Sim, são os aviões, é a guerra cotidiana, e depois o som que sempre se segue: bombas, explosões. Dessa vez são três. Mas nenhuma das crianças dá a mínima porque todas querem ganhar o jogo e não podem perder a concentração e essa história de avião e bomba já virou coisa bem comum. A praça não tem muitas árvores, o que significa que as sombras são poucas e poucas são as famílias que conseguiram um lugar protegido do sol. Nesta época do ano, a temperatura média é de 37 graus, mas parece muito mais e o calor dentro das barracas é ainda mais sufocante. Mas não é só o calor. Falta comida, falta remédio e há apenas quatro banheiros improvisados para aquelas milhares de pessoas. Não é difícil imaginar em que condições estão.O que mais comove nesse campo são os velhos e eles são em grande número. As crianças, de um jeito ou de outro, conseguem se adaptar mais rápido, fazem de qualquer objeto um brinquedo e vão tocando a vida, sempre junto com outrosmeninos e meninas. Os velhos, não. Vejo muitos deitados na grama, sem colchão, sem nada, nos únicos espaços que ainda restam com sombra, e estão quase sempre sozinhos. Muitos deles moraram a vida toda na mesma casa, naquela casa que talvez não exista mais e para eles, a essa altura, serão muito mais difíceis o recomeço e a reconstrução. Não só pelas dificuldades econômicas, mas pelo lado emocional e afetivo. Perder tudo o que se tem, inclusive todos os pequenos objetos de sua história pessoal, objetos de memória, deve ser ainda mais traumático do que perder quando aos 20 ou 30 anos. “Ainda que veja sua casa reconstruída”, escreveu o repórter brasileiro Lourival Sant’Anna, “quanto tempo terá para transformá-la em ‘sua’, para ter uma história nela?”Dentro da guerra Sem respostas. É assim que me sinto no dia 13 de agosto, domingo, véspera do já aceito cessar-fogo. Estou tomando um café em Hamra, bairro onde fica a Universidade Americana, quando escuto as bombas. A sensação é que elas estão explodindo na esquina, embora, como descobri mais tarde, a ofensiva tenha sido em Radof, um dos bairros de Dahye. Os carros estacionados disparam os alarmes ao mesmo tempo. “Devem ter sido bombas lançadas dos navios, me explica um garoto libanês, “essas são ainda mais potentes”. Quando chego ao local atingido, alguns minutos depois, vejo o cenário de sempre. Mas há uma diferença: a potência do ataque. Um bombardeio forte o suficiente para destruir por completo o Hassam Buildings, condomínio de seis prédios, cada qual com doze andares. Quantas pessoas estão soterradas? Naquele momento, ainda é impossível saber. Para fotografar ou entrevistar testemunhas nesses locais é preciso da autorização dos integrantes do Hezbollah. Estou mostrando a minha credencial quando escuto alguém gritar: “Está vindo um avião!” “Gás, gás, gás!”, diz um outro, e aqueles que estão ali correm sobre os escombros. Não consigo saber se estão fugindo pelo medo dos aviões ou pelo medo do gás. Por precaução, corro pelos dois. Se viesse um avião e atacasse novamente o local, como aconteceu várias vezes, a correria seria para lá de inútil, a contar do efeito que cada uma dessas bombas produz. Depois do susto, todos ficam em silêncio, tentando ouvir algum sinal de perigo no céu. Nada. Nenhum outro avião aparece, como também não aparecem ambulâncias nem bombeiros. Assim, as pessoas que chegam se dispõem a escavar. Vendo essa cena, a impressão que tenho é a de que a única organização eficiente no Líbano é o Hezbollah.
Dahie. Após o bombardeio, nuvens de pó e a busca de corpos sob os escombros. Uma menina de 10 anos estará entre os 5 mortos encontrados.
Só depois de quase uma hora chegam outros jornalistas e a defesa civil, sem nenhuma estrutura. De repente, entre a poeira e o concreto, surge parte de um corpo. Uma orelha, depois o cabelo e um pouco do rosto. É uma menina e deve ter pouco mais de 10 anos. Está vestindo um agasalho preto e uma camiseta da mesma cor. Tem os cabelos longos, escuros, amarrados por um elástico branco. Quando os homens a colocam sobre a maca, vejo um ferimento profundo no seu pé esquerdo e descubro, horrorizado, que metade de seu rosto, banhado em sangue, não existe mais. A menina é levada numa maca e vai com a ambulância em alta velocidade. Mas, como me pareceu óbvio, ir devagar ou não já não fazia nenhuma diferença. Ela estava morta. A guerra, para mim, a partir desse domingo, será sempre a imagem dessa menina. O mesmo impacto, a mesma dor, eu sentiria se visse crianças ou civis israelenses mortos pelo Hezbollah ou por qualquer outra organização, porque a vida de um vale tanto quanto a de outro. São vítimas, simplesmente. É isso que o terrorismo produz – seja ele de Estado ou não –, vítimas e mais violência e mais vítimas, num ciclo infinito. Não é o que pensa John Bolton, embaixador dos Estados Unidos na ONU. Para ele, como para todos os fanáticos do mundo, de paletó ou de fuzil, “os mortos civis libaneses não são moralmente a mesma coisa que as vítimas do terror em Israel”.Nos dias seguintes, segundo as testemunhas locais, outros quarenta corpos foram encontrados sob os escombros do Hassam Buildings, mas a mídia não deu muita atenção porque a guerra estava no fim e, no final das contas, um massacre atrás do outro não dá audiência. Mas por que essas pessoas não fugiram? Vários panfletos, lançados pela Força Aérea Israelense, advertiam a população para que deixasse o local. Por que mesmo sabendo do grande risco elas continuavam aqui? Faço essas perguntas ao professor Ali Dabbous, de 45 anos, que como tantos outros não deixou sua casa. “Nós, libaneses”, ele argumenta, “ao contrário dos israelenses, amamos nossa terra, amamos nossa casa. Se eu fosse embora, seria uma vitória para Israel porque é isso que eles querem. Eles querem que a gente fuja, que fique com medo, eles querem que a gente se dobre, mas nós não temos medo de morrer porque temos fé. O profeta Maomé (fundador do Islã, morto no século VII) disse: ‘Se Deus quiser que você morra, você vai morrer’. Por isso, para nós, a morte não nos assusta, muito pelo contrário”. Ali ficou durante os 34 dias de conflito em Dahye, a região na capital mais atingida pelas bombas. Nos primeiros quinze dias de guerra, todos os seus cinco filhos ficaram com ele. “Se nós morrêssemos”, ele finaliza, com voz segura e apaixonada, “seríamos mártires.” E assim o mundo segue. Segue na cultura da guerra, estimulada ao extremo por boa parte da mídia árabe. Presto atenção na cobertura dos jornais e nas televisões e os discursos se repetem. Cenas e mais cenas de libaneses mortos, de preferência crianças. Cenas de horror 24 horas por dia, em quase todos os canais. O que pretendem os donos dos meios de comunicação? Na cobertura de uma guerra é necessário usar todos os dias, a todo instante cenas de crianças em pedaços? A única coisa que me parece evidente é o resultado imediato desse tipo de jornalismo. Mais ódio, mais desejo de vingança e a certeza muito clara de que lado se deve estar. A mesma coisa acontece com parte da grande mídia ocidental, com a diferença de que as técnicas de persuasão são mais sutis e, por isso, quem sabe, mais poderosas. E, de ambos os lados, é sempre muito fácil distinguir o bem do mal. Na guerra não pode haver dúvidas.Uma hora e meia antes do início do cessar-fogo, Beirute sofre uma nova seqüência de ataques. É dia 14 de agosto. Mais bombas, mais prédios e casas destruídas, provavelmente mais gente morta. Fui acordado com o barulho infernal das explosões. Três dias antes, o Conselho de Segurança da ONU aprovara, por unanimidade, a resolução 1.701, proposta pela França e pelos Estados Unidos. A resolução determina o fim das hostilidades e a retirada do exército israelense do Líbano. A Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano), presente na região desde 1978, com 2.000 soldados, aumentaria seu contingente para 15.000 homens. Além disso, o exército libanês estaria no sul do país com outros 15.000 soldados. Ambas as partes aceitaram os termos do acordo. “Esses bombardeios, além de injustificáveis”, constata Eduardo Seixas, embaixador do Brasil no Líbano, “são completamente desnecessários. O que explica jogar bombas numa área residencial faltando tão pouco para um cessar-fogo?”. Saí do hotel, ao norte de Beirute, onde estava hospedado, e deparei com uma cidade diferente. A vitóriaParece um desfile. Capenga e desorganizado, é verdade, mas um desfile. Nas calçadas, em alguns prédios e em centenas de carros, as pessoas exibem a bandeira amarela do Hezbollah. Mais do que um clima de festa, uma sensação de alívio. E de orgulho, porque grande parte dos libaneses não tem dúvidas de quem saiu vencedor nessa guerra.Afinal, Israel não conseguiu nenhum de seus dois objetivos iniciais: destruir o Hezbollah e libertar os dois soldados capturados. Recebo um grande adesivo, muito bem-feito, com a imagem dos soldados da milícia lançando mísseis, com um escrito em inglês e árabe: “A Vitória Divina”. Durante o dia, ganhei outros adesivos, com diferentes frases, todos exaltando a “resistência histórica”. Vi também outdoors, placas e faixas. Tudo preparado com bastante antecedência porque a cidade acordou repleta de imagens da vitória divina. Mas qual vitória? A que preço? O preço está por toda parte. Está em Soltan, no sul da capital, área onde ficava a TV Al-Manar. Chego com os milhares de refugiados que caminham entre a poeira, como numa estranha procissão, para saber se suas casas ainda existem, se sobrou alguma coisa. Mohamad Assel, de 7 anos, me chama: “Olha só, aqui, bem aqui, era a minha casa”. Ele está sobre um amontoado de terra, vestido com uma camisa da seleção francesa e um calção da seleção alemã. Assel morava no décimo andar daquele edifício. “Olha só o que eu achei, mãe, nosso ferro de passar.” Sua mãe sorri e o coloca numa bolsa. Ele vai cavando, muito concentrado nesse serviço de recuperar os objetos da casa: “Mãe, nosso espremedor de laranja”. “Não, deixa isso aí, isso não é nosso”, é a resposta. É estranho, mas alguma coisa nesse país faz lembrar o Brasil. Não sei bem o que é. Talvez seja aquela característica, apontada com orgulho por todos os estrangeiros que conheci e que vivem aqui: “Este é o país mais ocidentalizado do Oriente Médio”. De fato, o Ocidente com seus negócios e valores está por toda parte. Sinceramente, não sei se isso é uma boa coisa, mas traz uma sensação de familiaridade. Talvez seja a nossa bandeira pendurada nas sacadas dos prédios, nas ruas – de uma casa a outra – e a quantidade de crianças com a camisa da Seleção. Porém, o que liga de fato o Líbano e o Brasil, acho, são as milhares de famílias com dupla cidadania, pessoas que possuem raízes e histórias nesses dois mundos. Uma dessas famílias é a de Anwar Youssef, que mora no valedo Bekaa. No dia em que nos conhecemos, eles tentavam – por causa da guerra – ir embora para o Brasil. Samara, de 17 anos, é uma das quatro filhas de Anwar. “Quando começaram a cair as bombas - ela relata - aquele barulho todo, cada vez mais perto, fiquei paralisada. Não sentia nada. Não tinha medo, não tinha raiva, nada. É como se aquilo não estivesse acontecendo. Fiquei parada no meio da sala, ouvindo, só ouvindo, e as bombas cada vez mais perto. Então veio a minha mãe e me puxou com força para uma parte da casa que não tem janelas porque era o lugar mais seguro. Mas parecia que meu pé estava grudado no chão”. Para Anwar, o pai, o Hezbollah é mais forte que um país e, por isso, é impossível destruí-lo. Pergunto o que ele pensa sobre a ação da milícia xiita. “No começo”, ele responde, “fui contra o seqüestro dos soldados, mas depois da reação de Israel, matando meus vizinhos, meus amigos, destruindo minha cidade... depois disso tudo, como posso ficar contra?” “Como ficar contra o Hezbollah, se são os únicos que nos defendem?”, questiona Siham Naboulist, de 32 anos. Nós nos encontramos quando o penúltimo comboio de brasileiros deixou o Líbano. Ela é mãe de duas meninas e dois meninos que têm como destino final Foz do Iguaçu, onde mora seu ex-marido. Ficar ou partir? Não foi uma decisão fácil. O Brasil, para ela, é terra estrangeira, distante, terra sem amigos e sem emprego. Mas é também para onde estão indo seus filhos. O que fazer? Ela decidiu ficar. “O pior”, ela revela, chorando, enquanto sai o ônibus que leva seus quatro filhos para o exterior, “não saber quando vou vê-los outra vez.” Isso também é a guerra. Vitória?
Nabatyie, uma das 6 províncias do Líbano, fica ao Sul, a região mais atacada. No cessar-fogo, uns fogem, outros trabalham na recuperação.
A Casa de Samir Com o cessar-fogo, vou até o sul do país, onde a guerra foi ainda mais intensa e destrutiva. Os 800.000 refugiados dessa região, com carros velhíssimos e superlotados de gente e de objetos, estão na mesma estrada. Já seria um problema se ela estivesse em boas condições, e não é o caso. Em todo o país, foram destruídos 145 pontes e viadutos. O resultado é uma fila de quilômetros, imóvel e barulhenta. Somos quatro no carro: o taxista libanês, Matt, Samir e eu. A história de Samir e sua família foi sempre uma ida e vinda, de um país ao outro, desviando das guerras e da morte. Samir nasceuem Serra Leoa e adulto foi morar no Líbano, terra do seu avô. Depois vai viver outra vez na África, depara com a guerra civil e perde o braço esquerdo num acidente de trânsito. Volta para o Líbano no final dos anos 70 e, em 1982, retorna à África devido à invasão israelense. Lá, por causa de outra guerra, se vê obrigado a fugir e caminha durante sete dias para chegar à fronteira com a Guiné. Não estava sozinho. Vai acompanhado por 65 libaneses, além de outros cinqüenta africanos. No percurso, três pessoas morrem, mas ele consegue chegar ao país vizinho e decidido a viver uma vida normal, tranqüila. Desde então, morava com a mulher em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.Samir é consultor imobiliário e acabara de comprar um apartamento no sul de Beirute, que seria o seu escritório e sua casa. Volta a morar no país, provisoriamente, porque está fechando um contrato com um investidor americano. E é aqui, no Líbano, que está quase toda a sua família. Mas no terceiro dia de guerra uma bomba reduz seu prédio, na capital, a ruínas. Por sorte, não havia ninguém no local. Dois dias depois, bombas atingem a casa onde morava sua família em Housh, ao lado de Tiro, no sul do país. Agora, Samir quer ir até lá, falar com alguns parentes e amigos e ver o que aconteceu. Matt e eu vamos junto com ele. No rádio do nosso táxi, as músicas de sempre, marchas de guerra e de protesto: “Governantes árabes, escutem o Líbano. Olhem os nossos mortos. Governantes, vocês estão dormindo? Perguntem ao Sol, perguntem à Lua: quantos são os nossos mortos?” Faz um calor insuportável. Horas depois, chegamos à casa da sogra de Samir em Tiro. Ela está vestida de preto com um lenço branco na cabeça e chora compulsivamente. Samir, sempre equilibrado, não chora nenhuma vez. Como consegue, depois de tudo, manter essa serenidade? Outra coisa surpreendente é como ele e alguns amigos da família fazem de tudo para nos receber bem. Oferecem café, perguntam se queremos alguma coisa, se foi boa a viagem, se estamos fazendo um bom trabalho, se gostamos do Líbano e que precisamos ver o país sem guerra, como é bonito, como é vivo.“Vamos?”, pergunta Samir, logo depois de terminado o café marroquino feito pela sogra. Então, fomos ao local onde era a casa de sua família. O carro estaciona devagar e ele repara em cada detalhe da vizinhança e, estranho, tudo em volta está normal, inteiro, intacto. A última vez que esteve aqui foi no final de maio e seria impossível imaginar o que aconteceria, de um segundo a outro, sem justificativa e sem aviso. Era uma casa dividida em três partes independentes, como pequenos apartamentos. Um deles estava alugado para um nigeriano, funcionário da ONU, e sua mulher. Não sobrou muita coisa. Só algumas fotos que Samir encontra sobre os restos, uma fita de vídeo, um pedaço da cadeira de sua mãe, além da chave do Mercedes, que não existe mais. “Essa casa”, ele diz, “foi construída pelo meu pai em 1970.” Yoseff Fawaz, que vive no prédio em frente, viu o que acontecera. Eram quase 7 horas da noite daquele 16 de julho. Ele não ouviu nenhum barulho de avião, o que o faz supor que tenha sido uma bomba lançada de um navio. Houve uma primeira explosão. Ele corre até a janela e vê Alice, uma das netas de Samir, na varanda. Segundos depois acontece outra explosão. “Aí eu não vi mais nada”, fala Yoseff. O nigeriano e a mulher morreram na hora. Morreram também Zahia, a mãe de Samir de 76 anos, Raian, a filha, de 24, e as duas netas, Alice de 5 e Celine de 2 anos. “Essa é a minha história”, ele diz, procurando objetos sobre os escombros da casa.
Após a trégua, milhares de carros rumam para o Sul, congestionando a estrada de Beirute-Tiro. Samir é do Sul, uma bomba matou toda sua família
O que me deixa perturbado é que não há ódio no seu jeito, nem mesmo desespero. Grande parte das pessoas com quem conversei nesses dias alimentava um sentimento de vingança, uma vontade enorme de fazer “sangrar o inimigo”, para usar as palavras do líder do Hezbollah. Como me disse o elegante e carismático Houssam Nasser, “estou triste por ter perdido meu prédio, porque meus amigos estão morrendo, mas feliz porque agora os israelenses também estão sofrendo e vão sofrer mais”. E completou: “Antes de 2000, éramos somente nós que morríamos, mas agora eles também estão morrendo”. Samir tem um discurso completamente diferente. O terroristaAntes de visitar os vilarejos mais castigados pela guerra, vou ao hospital Jabal Amal, em Tiro. Lá conheço Mohamad Al Raji Mossad, de 13 anos. Ele está sozinho. Mohamad é do povoado Al-Rashida e há cinco dias estava andando de bicicleta porque já tinha passado muito tempo sem fazer nada, porque já não agüentava mais todo aquele tempo em casa, não agüentava mais essa guerra – que, azar ainda maior, aconteceu bem durante as férias – e ele queria fazer o que sempre fez, brincar com os amigos, mas os amigos tinham sumido e ele foi com o pai, porque uma voltinha não pode fazer mal a ninguém e aqui, nessa parte do povoado, só tem civil e não há lógica jogar bomba nesta área. O passeio não durou muito. Uma bomba explodiu a poucos metros de onde estavam. O pai está entre a vida e a morte. Mohamad tem ferimentos por todo o corpo e teve amputadas as duas pernas. Vitória? Divina? “A guerra não terminou”, afirma o diretor do hospital, “porque os feridos não param de chegar.” São as vítimas de granadas e mísseis israelenses que falharam durante os ataques, mas que explodem facilmente quando tocados ou removidos. Segundo o Unicef, existem de 8.000 a 9.000 bombas desse tipo em solo libanês, todas desta guerra. Mas o problema é ainda maior porque Israel teria usado bombas de fragmentação, as cluster bombs, que se transformam em minas terrestres. Essas bombas, segundo relatório do Human Rights Watch, foram encontradas em pelo menos dez localidades do país, em apenas dois dias. Para Kenneth Roth, diretor da ONG, isso pode ser a ponta de um iceberg. O porta-voz da IDF (Força de Defesa de Israel), Hernan Geberovich, disse a Caros Amigos que “o uso de cluster bombs é legal, segundo lei internacional, e a IDF usa essas munições de acordo com essa norma”. É verdade, esse tipo de munição é permitido, mas não em regiões habitadas por civis, como é o caso de Nabatiyeh e Tabnine, onde integrantes da ONU localizaram as cluster bombs. Geberovich conclui dizendo que “a IDF está checando os detalhes específicos do incidente mencionado no relatório (doHuman Rights Watch)”. Assim que começo minha visita aos vilarejos, na cidade de Naqoura, vejo dezenas de pessoas agitadas em volta de uma casa. Alguns homens e mulheres estão em prantos na varanda onde há dois corpos estendidos. Estou distante, dentro do carro ainda, e não consigo identificar se são de crianças ou de adultos. Não tive muito tempo. Saio do carro e sou expulso na hora. Percebo que qualquer insistência, além de inútil, é arriscada. Estão todos muito nervosos. Mais tarde, soube através de alguns agricultores (porque aqui todos são agricultores ou pequenos comerciantes), que eram três crianças e tinham ido buscar água no campo. Duas morreram. Em qual tipo de bomba teriam pisado? Talvez tenha sido uma BLU 63, que se divide em outras 640 pequenas bombas, espalhando-se por uma área que pode chegar a 32 quilômetros quadrados. Qual a razão de jogar bombas de fragmentação nesses campos? De onde vêm essas bombas, onde são fabricadas? Estados Unidos. Continuo minha viagem pelos vilarejos de Thaire, Yarine, Al-Boustan, Marouahine e Alkarow. Aqui e ali, sinais de guerra, mas nada generalizado. Muitas vezes temos que parar o carro para que passem os pastores, com suas cabras e bezerros. Ao lado da estrada, uma vasta plantação de bananas e, um pouquinho mais adiante, a fronteira com Israel. É a partir de Aita ech Chaab que o cenário muda. Aqui, está tudo destruído e, além do efeito devastador das bombas, as paredes das casas guardam as marcas de tiros de fuzil e metralhadora. Na entrada de Bent Jbeil, a cidade que virou símbolo desta guerra, uma placa de outros tempos saúda os visitantes em francês: “Bem-vindos à Capital da Libertação”. Caminho pelo que era o centro da cidade e vejo uma escola de dois andares que ainda permanece de pé, mas as paredes já não existem mais. As cadeiras, o quadro-negro, a sala dos professores e os banheiros continuam onde sempre estiveram. Vejo uma casa quase intacta, não fosse um detalhe: ela está de lado, o que impressiona mais do que se estivesse toda destruída. Um senhor passa por mim, com o filho, e fala: “Ei, você, veja bem isso, veja bem qual é o plano de democracia do senhor Bush, o terrorista número um do mundo”. Vou vendo bem, mas tenho dificuldade em escrever minhas impressões no caderno, devido à poeira. Muitos negócios tiveram as portas de aço destruídas e ficaram abertos durante toda a guerra. E lá estão todos os computadores, visíveis, acessíveis a qualquer um, mas continuam no mesmo lugar. Não houve saques. Lá está o pequeno mercado, com alimentos e água, as prateleiras organizadas e cheias. Ninguém mexeu em nada. Vou embora do que restou de Bent Jbeil com a certeza de que a cultura ocidental tem alguma coisa a aprender com os moradores deste vilarejo. A derrotaA guerra dura 34 dias e deixa – num primeiro levantamento – 1.180 civis libaneses mortos, sendo que 355 são crianças. E são crianças boa parte dos feridos, 1.215, entre 4.500. Do lado israelense morreram 157 pessoas, entre civis e militares. Os prejuízos materiais no Líbano, afirma o governo, chegam a 3,6 bilhões de dólares. Segundo relatório da Anistia Internacional, Israel cometeu crime de guerra, atingindo indiscriminadamente a população civil e a infra-estrutura do país, lançando mais de 7.000 ataques aéreos e mais de 2.500 disparos marítimos. Já nos primeiros dias do cessar-fogo, Nasrallah anuncia que ajudará financeiramente cada família que teve o lar destruído. Não é pouco. Calcula-se que 15.000 casas tenham virado pó. Num cálculo aproximado, o valor doado pela milícia xiita superaria os 150 milhões de dólares. Centenas de militantes do Hezbollah iniciam o cadastramento das famílias atingidas. Nada dessa ajuda financeira, desse apoio à população, é novo. O grupo, há anos, mantém uma rede de assistência social que inclui escolas, orfanatos e hospitais, ocupando os espaços vazios deixados pelo governo. Hezbollah é uma estranha mistura de milícia, partido político e movimento social.Shadid, de 30 anos, é integrante do Hezbollah. Ele está no sul da capital, num prédio atingido pela guerra. Veste calça jeans e, sobre a camiseta branca, uma espécie de babador com o símbolo da milícia, além de um chapéu com a mesma figura. Shadid me explica que tudo acontece muito rápido, porque não há tempo para burocracias. Ele vai ao local, fala com a família, faz o cálculo e em 24 horas o dinheiro estará depositado numa conta, chamada de “Jihad para Reconstrução”. Será uma quantia suficiente para pagar um ano de aluguel. A família ganha uma senha e retira o dinheiro. Pronto, simples. “E de onde vem esse dinheiro todo?”, pergunto. “Vem dos bancos da Síria e do Irã”, é a sua resposta. Não são apenas os militantes do Hezbollah empenhados na reconstrução. O governo do Líbano irá indenizar a família das vítimas e os mutilados no conflito. Os Estados Unidos, que apoiaram do início ao fim a ofensiva israelense, também anunciaram apoio financeiro. O governo brasileiro doou 2,7 toneladas de rem édios e a comunidade libanesa no Brasil enviou outras 6 toneladas como ajuda humanitária. Porém, o que mais chama a atenção no Líbano é como o povo mais fraco e agredido consegue forças para se levantar e levantar quem precisa de ajuda. Por todos os lados encontro libaneses, a maioria jovens, todos civis, tentando colaborar como podem na reconstrução. A guerra é a mais vergonhosa de todas as ações humanas, mas é também palco de cenas de solidariedade e altruísmo.Os escombros serão varridos, boa parte dos prédios, estradas e usinas será reconstruída. Mas existem destroços mais profundos, feridas que não cicatrizam nunca. Porque a guerra, como já se disse tantas vezes e tantas vezes se esqueceu, não acaba com o cessar-fogo. Uma das conseqüências mais evidentes é o sentimento de ódio e com ele o sentimento de vingança. O aumento dos extremismos e da certeza de que só a violência será capaz de suprir o que se foi e o que se perdeu. Quem perde um filho, o pai, a mãe ou um grande amigo numa guerra, quem já sofreu alguma grande injustiça sabe do que se trata. Como afirmou Jamil Mroue, editor-chefe do prestigiado jornal libanês Daily Star, “não é possível se livrar de Nasrallah destruindo suas armas, mas criando uma sociedade sustentável”. Mas o único objetivo de Israel era, de fato, acabar com o Hezbollah? Para alguns analistas políticos, a guerra já estava sendo planejada e a captura dos dois soldados foi apenas um pretexto. Segundo eles, a intenção do Estado judeu seria enfraquecer o poder do Irã na região, colocando no Líbano um “governo amigo”. E como isso seria possível? Simples, causando grandes danos à infra-estrutura do país que estimulariam as rixas sectárias entre xiitas (35 por cento), sunitas (25 por cento), cristãos (35 por cento) e drusos (5 por cento). Diante de um país enfraquecido, à beira de uma nova guerra civil, Estados Unidos e Israel apoiariam um governo fantoche que lhes serviria de testa-de-ferro. Sim, isso ainda é uma suposição. Mas faz todo o sentido, porque em 1982 foi mais ou menos esse o objetivo da invasão. Naquela época, o então primeiro-ministro Menachem Begin e o ministro da Defesa, Ariel Sharon, invadiram o Líbano para combater a OLP. Mas não só. O que a dupla pretendia era colocar no poder Bashir Gemayel, líder da milícia falangista maronita, considerado um aliado. Assim, pela lógica israelense, seria mais fácil a destruição da OLP e de todos os árabes que insistissem na idéia de um Estado palestino. E mais importante: a ocupação da Cisjordânia, por colonos judeus, seguiria sem resistência. A guerra de 1982 transformou Arafat e seus guerrilheiros num peso insuportável para o Líbano e, então, em agosto daquele mesmo ano, a OLP foi obrigada a deixar o país, com o rabo entre as pernas. Isso é fato. E é fato também que – dessa vez – o final da história foi diferente. A atual ação de Israel pode até ter destruído parte da capacidade militar do Hezbollah, mas o fortaleceu politicamente, lhe deu de bandeja centenas, senão milhares de homens e mulheres dispostos a compartilhar sua luta, dispostos a vestir seus uniformes e empunhar suas armas. O Hezbollah está mais vivo do que nunca. O tiro saiu pela culatra. A verdade é que será impossível falar de paz nesse pedacinho de mundo enquanto o problema de fundo não for resolvido. E o problema, sempre o mesmo, continua sendo a questão palestina. Será impossível falar em paz enquanto Israel desrespeitar tratados internacionais e continuar ignorando a resolução 242 da ONU, que exige que o país se retire dos territórios ocupados em 1967, e a resolução 194, que reconhece o direito dos palestinos refugiados de voltarem a suas terras. Será impossível falar em paz enquanto os palestinos viverem sob um regime de apartheid, sofrendo humilhações e violências cotidianas de todos os tipos. Para ter idéia, de 25 de junho a 25 de agosto, duzentos palestinos foram assassinados em Gaza. Enfim, será impossível falar de paz permanente enquanto Israel continuar cometendo – sempre em nome do direito de defesa – crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Vou embora do Líbano pensando em Samir, que perdeu a mãe, a filha e as duas netas nessa guerra, mas que, ainda assim, não se deixa envolver pela cultura da morte. Lembro do que ele me disse enquanto passávamos sobre o rio Litani: “Eu conheço muitos israelenses e são pessoas como você e eu, são pessoas normais. Não os vejo como monstros. Nunca os vi assim e não os vejo agora. Sei que existe uma diferença grande entre a população civil e os atos do governo, sei que o Líbano é desde sempre joguete dos interesses da Síria, do Irã e dos Estados Unidos e é por causa desse conflito de interesses que milhares de civis são assassinados. É hora de dizer chega, é hora de parar, é hora de perceber que as armas não resolvem nada. A guerra gera mais guerra e mais famílias serão destruídas. Hoje, coloco todos os meus problemas nas mãos de Deus”. Lembro-me de ter perguntado a ele o que pensava sobre todos os cartazes espalhados pelo país celebrando a “vitória divina”. “Olha”, ele disse, com a voz serena, “não sei quem ganhou, mas sei quem perdeu. Os civis perderam. Mais de 1.300 pessoas morreram nessa guerra. Eu perdi as pessoas que mais amava e por quê? Em nome do quê?” Ele faz uma pausa e me pergunta: “Você sabe a resposta?”. Não, eu não sei. Fernando Evangelista é jornalista.